'Gays' contra Itália "retrógrada" do Vaticano e Berlusconi
"Quero dizer ao Mundo, à Europa e sobretudo a toda a Itália, que é um pouco fechada, que nós temos o direito de ser tratados como seres humanos", declarou Nikita, de 22 anos. Na mira dos manifestantes esteve o Vaticano, que considera a homossexualidade um comportamento "desordenado" e um pecado. Muitas levavam cartazes em que a cúpula da Basílica de São Pedro surgia cortada por um "não" ou que proclamavam "Papa não, Gaga sim", referindo-se à artista norte-americana Lady Gaga, que actuou depois do desfile.
Entre 300 mil e 500 mil, segundo a polícia - com a organização a fixar-se nos 400 mil - dançaram à volta de cerca de 40 camiões, com um pequeno comboio reservado para as "famílias arco-íris" de pais homossexuais e as suas crianças. Os dirigentes de dois partidos da oposição - "Itália de valores" e "Esquerda, Ecologia e Liberdade" participaram no desfile, tal como a dirigente do principal sindicato do país, Susanna Camusso. Paolo Patane, dirigente do grupo italiano Arcigay, afirmou esperar que o desfile possa contribuir para derrotar o governo de direita de Silvio Berlusconi, já afetado pelos maus resultados nas eleições autárquicas.
Para os organizadores do Europride, a Itália é um dos países da Europa mais retrógrados no que toca aos direitos dos homossexuais, sem nenhuma lei que autorize as uniões de facto, homossexuais ou não. No ano passado, quando questionado sobre os escândalos sexuais em que esteve envolvido, Silvio Berlusconi respondeu que "é melhor gostar de meninas bonitas do que ser 'gay'". Hoje, os manifestantes do Europride retribuiram o "mimo": em cartazes e camisolas, um dos dizeres era "é melhor ser 'gay' do que ser Berlusconi".